NASCENTE DO OLHO D’ÁGUA NA SERRA DA CANGALHA
Da exuberante Mata Atlântica nativa de nossa região, resta pouco. No município de Rubim, restam apenas 7%. Dos municípios que compõem a micro-região do Baixo Jequitinhonha, o de Jequitinhonha é o que tem o maior percentual de preservação da mata nativa (22%). Em seguida vem o município de Almenara. A pior situação é a do município de Santo Antônio do Jacinto, com apenas 4% da cobertura nativa original. Estes dados são do SISEMA-Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos hídricos/MG.
A pecuária extensiva de gado, principal atividade econômica da região, seguiu-se ao intenso ciclo de desmatamento e exploração madeireira de nossa região. A relação dos primeiros exploradores de nossa fauna e flora, com a Natureza, visando preferencialmente os lucros que esta Mãe podia lhes proporcionar, estabeleceu-se como um padrão cultural adotado também pela grande maioria dos fazendeiros que se tornaram proprietários destas terras.
Nesta conjuntura, tudo foi diminuindo: matas, fauna/flora, rios, lagoas, nascentes. As pessoas foram aumentando até o ponto de descobrirem a falta de oportunidade de conseguirem aqui, a dignidade de uma vida melhor. A partir daí a população também foi diminuindo. Muitos foram partindo para outros estados: São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Rio de Janeiro, Pará; e para outros países: Estados Unidos, França, Alemanha, Austrália, Bélgica, Espanha, Portugal.
Recentemente, em novembro de 2009, fizemos um levantamento de 29 nascentes no município de Rubim e o quadro visto realmente é bastante caótico. Apenas 4 nascentes estavam cercadas, sendo que só uma delas tinha uma cerca segura; as outras cercas eram bastante precárias. 25 nascentes estavam completamente pisoteadas por animais. Algumas delas, felizmente, ainda estão protegidas por vegetação nativa.
Pouquíssimos são os proprietários rurais que efetivamente realizam alguma ação prática de proteção às nascentes, lagoas e rios. Relativamente à proteção ambiental, alguns evoluíram do completo descaso para um nível acima, de boa intenção. Mas, como disse um filósofo “de boa intenção o inferno anda cheio”.
Alguns insistem em continuar desmatando para aumentar a área de pastagem. Economizam uns poucos reais, deixando de comprar madeira legalizada e derrubam árvores nativas para fazer cercas. Péssimo investimento que pode ser penalizado. O IBAMA e o IEF recebem denúncias para estes crimes ambientais. A pessoa não precisa se identificar, a não ser que queira acompanhar o caso.
Os e-mails para denúncia destes crimes são:
Todos nós temos de começar a agir já. Cada um faça a sua parte. Os que têm a tarefa de conscientizar, conscientizem! Quem testemunhar crimes ambientais, denuncie. Quem tem nascente para cercar, cerque. Quem tem de construir cerca, construa. Quem ainda não percebeu que nenhum boi nem gente vive sem água, perceba! Quem pensa que sem trabalho a coisa pode ser resolvida, esqueça isto. Vamos trabalhar.
Não esperemos só dos governantes. Há recursos, mas tudo é muito burocrático. Exigem-se projetos bem feitos, conhecimentos, equipes multidisciplinares, capacitações, estrutura, boa-vontade, sensibilidade, senso prático, parcerias firmes, menos interesses pessoais e mais amor à Natureza e à Mãe Terra. Juntar tudo isto, pelo menos num certo nível, num projeto objetivo, não é tarefa fácil. Mas é possível.
Ivanilson Costa- fundador da ONG VOKUIM, Membro do JQ3-Comitê de Bacia Hidrográfica dos Afluentes Mineiros do Médio e Baixo Jequitinhonha.
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